quinta-feira, 18 de julho de 2013

A ARTE DE AMAMENTAR

Outro dia um amigo comentava sobre o quão maravilhoso as mulheres acham a arte de amamentar. Sim, porque amamentar é mesmo uma arte. A arte de encaixar em seu mundo algo verdadeiro, novo e inusitado. Que pode te levar ao prazer e quase sempre ao desespero. Pode ser uma pintura de Monet ou um rabisco. Tudo é arte.
Eu expliquei que não era bem assim. Quase nenhuma mulher admite, porque a família toda sorri, bate palmas, grita e os anúncios divulgam a Juliana Paes, mãe sempre em dia de festa, com seu filho nos braços. Só que... nos bastidores a coisa funciona BEEEM diferente. E “ai” da mulher que ousar contestar! Está fadada a passar o resto dos dias numa cela, porque podem achá-la capaz de cometer infanticídio.

Não sou contra amamentar. Amamentei os meus. Mas vamos combinar que nem tudo são flores, neste jardim “irretocável”. Tem erva daninha também. Para início de conversa, não são os familiares que estão amamentando e anúncios de TV e revistas têm todo um recurso tecnológico do qual a mãe não dispõe. E as mães são pagas! rsrsrs.
Você sai do hospital super feliz, é claro, mas tem que encarar a dura realidade. TOTALMENTE flácida, gorda (eu então, que tinha filhos no verão, a barriga estilo papel corrugado PRETO, quase caía por cima da calcinha. Pior que um “Alien”), suas roupas não lhe cabem – e só Deus sabe quando isso voltará a ser possível – e ainda por cima, roupas íntimas BEGES e todas  pelo menos uns 3 números maiores do que o que você um dia imaginou vestir.
O sutiã não tem jeito. Pode ser nº 38, mas ele é sempre grande. Anime-se, o modelo é inédito! Você tem uma janelinha para abrir quando necessário! Isto significa: quando o bebezinho bota a boca no trombone. O meu, por exemplo, já deixava todo aberto. O dia inteiro. Porque hoje tenho certeza de que pari bezerros. Graças a Deus, com o tempo eles se transformaram em pessoas, todos lindos e saudáveis. Mas menores? Eram bezerros disfarçados, tenho certeza! E os dois primeiros ainda vieram seguidinhos. Para você ter certeza de que nunca mais será uma pessoa.
Quando saí do hospital no ano seguinte ao primeiro parto, tive a impressão de que todo mundo me olhava e comentava: “Lá vai a vaca de novo com a cria para casa”. E mulher, como é um bicho do mal, AMA ver a outra por baixo. Com certeza o comentário saía prazerosamente da boca da equipe gênero feminino hospitalar.  Os peitos mal tinham voltado ao normal e lá estava eu, novamente, dentro dos famosos sutiãs, cintas e ataduras (para não vazar o leite, ou impedindo que as rachaduras sangrassem), vendo-os aumentar descontroladamente através das janelinhas eternamente abertas. Depois reclamam quando mães sofrem de depressão pós-parto. Isso eu não posso comentar, porque não tive tempo de ter. Mas acho justo. Digno.
É possível uma mãe que tem seus peitos sugados com TODA animação do bebezinho esfomeado - toda mesmo! Meu filho quase arrancou o meu bico, mesmo tendo sido este preparado nove meses para receber uma boquinha que não tem hora, nem lugar pra se satisfazer - num dia de verão escaldante, vestida com um sutiã BEGE, ENOOOOOOOOOOORME, uma cinta (não, não é cinta liga. Não existe este tipo para quem se encontra em estado puerperal. É sutiã BEGE, cinta BEGE, tudo BEGE, porque autoestima não existe para mães que acabaram de dar à luz), considerar a amamentação realmente um presente dos Deuses? Além disso, você coloca a criança para arrotar e o que recebe é uma hiper golfada de leite coalhado, cujo cheiro jamais será esquecido. As roupas têm que ser queimadas depois, porque não há quem queira tal doação. E quando se está numa festa ou num shopping LOTADO, cheio de mães super-hiper-mega lindas, cheirosas e arrumadas, que tampam o nariz e te olham com aquela cara de nojo, ou olham para os lados como se todas as tampas dos esgotos da cidade tivessem sido abertas e o cheiro direcionado por um furacão em cima delas? Como se sentir?? Pior: elas te odeiam porque acham que o cheiro vai colar nelas e nem Chanel nº 5 dará jeito! Viver cheirando a pum não é premio para ninguém. Manter-se sã nesta hora, só com Jesus!
Embora o jardim não seja florido o tempo todo, ele pode sim, vir a ser. Basta cuidar de suas plantinhas, regá-las, adubá-las, dar todo o amor e carinho do mundo, porque ele floresce. E da forma mais sublime que uma mãe pode desejar.
A despeito de todos os sutiãs, calçolas, cintas apertadas – tudo BEGE! – você pode sim, ser a mulher mais linda da face da Terra, porque não há prazer maior que um filho tocando seu rosto e sorrindo, quando está em seu colo sendo alimentado. Por dentro você está no ponto que, se passar mal na rua, Deus lhe ajude a não encontrar um inimigo pra contar a cor de suas peças íntimas; por fora, o preço da felicidade de ter gerado um ser que é totalmente criação sua (e do pai, porque ele existe, claro, mesmo quando vem em potinhos), é indescritível. Esta é a SUA arte.
E é dessa forma que sim, amamentar é um presente dos Deuses. Meio de grego, é verdade. Mas eles sabiam o que estavam fazendo.

Ainda te deram uma oportunidade única de mudar sua vida para sempre.

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