Outro
dia um amigo comentava sobre o quão maravilhoso as mulheres acham a arte de
amamentar. Sim, porque amamentar é mesmo uma arte. A arte de encaixar em seu
mundo algo verdadeiro, novo e inusitado. Que pode te levar ao prazer e quase
sempre ao desespero. Pode ser uma pintura de Monet ou um rabisco. Tudo é arte.
Eu
expliquei que não era bem assim. Quase nenhuma mulher admite, porque a família
toda sorri, bate palmas, grita e os
anúncios divulgam a Juliana Paes, mãe sempre em dia de festa, com seu filho nos
braços. Só que... nos bastidores a coisa funciona BEEEM diferente. E “ai” da
mulher que ousar contestar! Está fadada a passar o resto dos dias numa cela,
porque podem achá-la capaz de cometer infanticídio.
Não sou
contra amamentar. Amamentei os meus. Mas vamos combinar que nem tudo são
flores, neste jardim “irretocável”. Tem erva daninha também. Para início de
conversa, não são os familiares que estão amamentando e anúncios de TV e
revistas têm todo um recurso tecnológico do qual a mãe não dispõe. E as mães são
pagas! rsrsrs.
Você
sai do hospital super feliz, é claro, mas tem que encarar a dura realidade.
TOTALMENTE flácida, gorda (eu então, que tinha filhos no verão, a barriga estilo
papel corrugado PRETO, quase caía por cima da calcinha. Pior que um “Alien”),
suas roupas não lhe cabem – e só Deus sabe quando isso voltará a ser possível –
e ainda por cima, roupas íntimas BEGES
e todas pelo menos uns 3 números maiores do que o que você um dia imaginou
vestir.
O
sutiã não tem jeito. Pode ser nº 38, mas ele é sempre grande. Anime-se, o
modelo é inédito! Você tem uma janelinha para abrir quando necessário! Isto
significa: quando o bebezinho bota a boca no trombone. O meu, por exemplo, já
deixava todo aberto. O dia inteiro. Porque hoje tenho certeza de que pari
bezerros. Graças a Deus, com o tempo eles se transformaram em pessoas, todos
lindos e saudáveis. Mas menores? Eram bezerros disfarçados, tenho certeza! E os
dois primeiros ainda vieram seguidinhos. Para você ter certeza de que nunca
mais será uma pessoa.
Quando
saí do hospital no ano seguinte ao primeiro parto, tive a impressão de que todo
mundo me olhava e comentava: “Lá vai a vaca de novo com a cria para casa”. E
mulher, como é um bicho do mal, AMA ver a outra por baixo. Com certeza o
comentário saía prazerosamente da boca da equipe gênero feminino hospitalar. Os peitos mal tinham voltado ao normal e lá
estava eu, novamente, dentro dos famosos sutiãs, cintas e ataduras (para não
vazar o leite, ou impedindo que as rachaduras sangrassem), vendo-os aumentar
descontroladamente através das janelinhas eternamente abertas. Depois reclamam
quando mães sofrem de depressão pós-parto. Isso eu não posso comentar, porque
não tive tempo de ter. Mas acho justo. Digno.
É
possível uma mãe que tem seus peitos sugados com TODA animação do bebezinho
esfomeado - toda mesmo! Meu filho quase arrancou o meu bico, mesmo tendo sido
este preparado nove meses para receber uma boquinha que não tem hora, nem lugar
pra se satisfazer - num dia de verão escaldante, vestida com um sutiã BEGE, ENOOOOOOOOOOORME, uma cinta (não,
não é cinta liga. Não existe este tipo para quem se encontra em estado
puerperal. É sutiã BEGE, cinta BEGE, tudo BEGE, porque autoestima não existe para mães que acabaram de dar à
luz), considerar a amamentação realmente um presente dos Deuses? Além disso,
você coloca a criança para arrotar e o que recebe é uma hiper golfada de leite
coalhado, cujo cheiro jamais será esquecido. As roupas têm que ser queimadas
depois, porque não há quem queira tal doação. E
quando se está numa festa ou num shopping LOTADO, cheio de mães
super-hiper-mega lindas, cheirosas e arrumadas, que tampam o nariz e te olham
com aquela cara de nojo, ou olham para os lados como se todas as tampas dos
esgotos da cidade tivessem sido abertas e o cheiro direcionado por um furacão
em cima delas? Como se sentir?? Pior: elas te odeiam porque
acham que o cheiro vai colar nelas e nem Chanel nº 5 dará jeito! Viver
cheirando a pum não é premio para ninguém. Manter-se sã nesta hora, só com
Jesus!
Embora
o jardim não seja florido o tempo todo, ele pode sim, vir a ser. Basta cuidar
de suas plantinhas, regá-las, adubá-las, dar todo o amor e carinho do mundo,
porque ele floresce. E da forma mais sublime que uma mãe pode desejar.
A
despeito de todos os sutiãs, calçolas, cintas apertadas – tudo BEGE! – você pode sim, ser a mulher
mais linda da face da Terra, porque não há prazer maior que um filho tocando
seu rosto e sorrindo, quando está em seu colo sendo alimentado. Por dentro você
está no ponto que, se passar mal na rua, Deus lhe ajude a não encontrar um
inimigo pra contar a cor de suas peças íntimas; por fora, o preço da felicidade
de ter gerado um ser que é totalmente criação sua (e do pai, porque ele existe,
claro, mesmo quando vem em potinhos), é indescritível. Esta é a SUA arte.
E é
dessa forma que sim, amamentar é um presente dos Deuses. Meio de grego, é
verdade. Mas eles sabiam o que estavam fazendo.
Ainda
te deram uma oportunidade única de mudar sua vida para sempre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário